quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O Sacerdote

Legítimo sacerdote. Em pé,em cima do penhasco seco de folhas de outono.Mãos atadas ao vento, expressão de sua face é apavorante, vestido elegantemente,com roupas de um verdadeiro sacerdote Azteca, manto colorido e elegante, com listras simbólicas de sua cultura, combrem seu corpo, postura apavorada, imóveis. Olhos tremendo em fogo. Vento quente passa friamente pelo seu corpo, animais ignoram sua presença só pensam em sobreviver como os poucos que conseguiram ver esperança de vida nos refugios verdes da floresta. Ele lá, majestoso, vendo com seus proprios olhos o poder inestimavel da ganancia se concretizando. Pés descalços, vento quente, face espantada, mãos imóveis como seu corpo, não pensa em simplesmente nada, olhos cheio de lágrimas que custam a cair, estático. O Sacerdote olha, ao horizonte de fogo, seu povo, sua gente, sendo arrasada, sua cultura, sua moradia, seu lugar, sendo destruido. Cidade se lastima em fogo, esvaindo corpos nus em morte ao seu redor, espanhóis escrevem no chão varrido a sangue a morte daquele povo, morte das vozes melódicas e fortes dos Deuses de seu povo, morte da vida, das palavras sábias da enorme cultura, céu avermelhado, labaredas de fogo comem os corpos exaustos de viver, espiritos voam livres entre as marcas das arvores carbonizadas, demônios riem, mães choram segurando seus filhos, Deuses permaneçem calados.

O Sacerdote, jura vingança aos responsáveis pela morte de seu povo, figura angélica, com asas imensamente belas, rosto solene e calmo, cabelos longos e escuros. Uma índia, passa suas nobres mãos no rosto do sacerdote o acalmando. Beija sua testa, olha pro seus olhos e diz:

-- Meu filho, tenha calma, seu povo está em paz, como você eles finalmente poderam voltar para seu mundo. Não jure vingança, eles não mereçem sua vingança.Iram aprender com suas escolhas e iram crescer interiormente, seja paciente, tolere o nivel de cada. Faça valer a sua sabedoria.Segure minha mão e volte pro lugar aonde fôra renegado.

O Espirito desapareçe. O Sacerdote fecha suas mãos, fala baixo,pra si mesmo, certas palavras, encole seu corpo todo ao chão, fecha seus olhos. Aliviado, com um suspiro esgotado, diz:

-- Breve estarei com você, minha mãe ...


Entrega seu corpo aos primórdios da Terra para nunca mais voltar...