terça-feira, 15 de novembro de 2011

O Terceiro e um sorriso no escuro

 Com sua música e com o silêncio progressivo que não tinha, fábulas de um amanhã SemFace fazem uma mágica simples e tênue.

Conversando com um eu de outrora, contei a ele sobre um nome e um basta. Vida. Ar. Som. Contei a ele sobre palavras simples, ensinamentos budistas e sorrisos. Sobre como se ocultar em linhas e sentimentos, escondem óbvios que fazem do ser um mero estar. Sem ato. Sem essência. Como as falas surgem dos lábios com facilidade e como se faz pra tocar com leveza a realidade e o sonho.
 
Começei a falar sobre amor. Ele riu, me chamou de tolo e ficou resmungando sobre cores e estações e então lembrou de medos e perguntas que ainda não foram respondidas, de demônios e das mãos que surgiam do solo. De súbito ficou em silêncio, olhou pro céu e acendeu um Gudan. Deu um trago longo, soltou a fumaça e me olhou de lado. Perguntou se era por isso que as estrelas não estavam mais vermelhas. Respondi com a cabeça que sim. Então ele sorriu, pegou o Gudan e enterrou-o virado para cima nas cinzas, acesso. Ficou fitando-o e depois de um tempo me perguntou: "Então essa é a sensação, hum?". Sorri com o rosto todo e deitei nas cinzas. Ele levantou calmamente, colocou as mãos nos bolsos, virou de costas para mim e disse: "Adeus, Quarto.".
Então fechei meus olhos e o toque se iniciou.

Sei que eles estão lá...
Se lembrando...
Lembrando de uma incógnita.
Lembrando de ser

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Vetor ser

Creio que Deus quando olhou para o mesmo redor que o meu, ele teve a mesma visão técnica de algo tão espontâneo e simples. Na voz que não existe da visão, o grito surdo se confunde com as vozes que a alma insiste em expressar. Vozes de um passado recente e que quando tocam a parede acústica de meu peito arranham...arranham, isso não deveria importar. É, não deveria... As folhas caem como os números tentam complicar algo que os homens já criaram tabelas para facilitar. Insistindo em ensinamentos da época em que o intervalo entre o pensar e existir do homem era maior. Penso no que as Cumulos e Cirros pensam quando nos vêem lá de cima, e o que o vento junto com as folhas pensam quando sentem as energias de preocupação da cabeça dos humanos na janela de minha sala. As folhas caem como se fosse Outono, e vejo ainda mais que elas, em ciclo, não dependem de nós para uma perfeição natural, vejo o quanto temos que aprender com momentos como este.

Em forma de crônica, o pensar vai formando contos e mais tarde prosas, fazendo a mente criar conclusões gerais sobre o que é a vida, mesmo sendo uma mentira, a sonoridade que o pensamento surge cria o momento de Graça. As conclusões dentro da mente se tornam vagas, as lembranças arrepiam seu braço e só sobra para parte que é consciente em você o aprendizado e solidão. Poesia.

"Com seus pés no ar e com sua cabeça no chão
experimente esta manobra e dê um giro em torno disso, yeah
sua cabeça vai colapsar, mas não há nada dentro dela
e você se perguntará:
'Onde está minha mente?'"

terça-feira, 17 de maio de 2011

Me dê as mãos.

Foram tantos momentos como esse, marcados por sentimentos longos e cheios de pegadinhas. Tenho certeza que os risos estão sendo dados e as felicidades continuam sendo colocadas em albuns de figurinha, e lá elas ficam, rapidas, súbitas. A vida deixou de ser para estar. Minha espectativa me tornou pesado, de lábios secos e grudados. O que me tornei? Aonde colocaram os papéis de parede que pendurei aqui por dentro? Aonde esta as histórias que tanto imaginei?

A cada levantar da realidade percebo a poesia se esvair, e é algo tão tranquilo e calmo que é acomodante. O céu me olha com fúria esperando minha opinião e meus dedos tremem diante daquela dor. Talvez seja isso, talvez não, é isso. É essa a peripércia que tanto foi escrita, é essa a razão de cada palavra, cada devaneio absurdo, cada pedaço de mundo solto nos olhos de cada um. É o detalhe que fica por tras de cada frustação da história, da sua história, da minha. É o passado mostrando pro presente que ainda existe. É o sabor que faz os lábios apenas viverem por inexplicavel atração ardente em dias de frio. É a chuva. É o som. É a batida que não existe. São. Pés frios buscando o Sol no céu, procurando as asas, asas dadas pela poesia que jaz.

Em tua manhã durmente,
você abre a janela sem se espreguiçar.
De olhos fechados se apoia na janela,
abaixa a cabeça e sente o calor do Sol que não aparece lhe esquentar a nuca.
O frio toca seus pés e o arrepio lhe toca a espinha,
Você sente,
Aperta as mãos e encosta um pé no outro.
Se ergue,
Abre os olhos devagar e vê o tempo fechado e nuvens cobrindo o céu.
Então o toque real se inicia.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Evolução.

"Primitivamente, encerrado em seu corpo de carne, o ser não concebe além da atração do dinamismo inconsciente de seu fogo interior; mas tarde, a razão desperta e a inteligência o incita ao desejo das alturas, a potência do mistério quer fazer erguer os véus sobre o Desconhecido (...). Em seguida, ele aprende a decifrar as imagens e a compreender os símbolos, elevando-se em direção ao Conhecimento do duplo Universo, e sua Fé se consolida, sua Vontade abre muitas portas e se manifesta nítida e precisa (...), e pela tripla conquista dos sentidos até a perfeita translucidez, ele atinge a Indentidade final". (Shoral)

quarta-feira, 16 de março de 2011

Relatório do caos.

Os nomes estão se tornando cada vez mais escassos, talves isto seja um ensaio de uma pertubação mental. A questão é que descubro, o poder da ação do tempo na vida de cada humano. Isso é um fato, um fardo imutável que influência diretamente na unica coisa que é absolutamente variavel no ser humano, a mente. Dentro da utopia, ele cria sua própria imaginação, sua própria ilusão e deixa de lado algo que de tanto ser pensado, massificado, se tornou real, a realidade.

Vejo que a influência do passado, pelas experiênciaa primária que tenho hoje, é em muitas vezes opcional. Muitos seres humanos são lotados de problemas mentais e quando na vida eles são colocados em teste, que são diversas situações como a morte de um ente querido, ou um acidente dramático, tais problemas são considerados o motivo-mor pela situação problemática da pessoa, porém ignoram o fator personalidade em cada um. O ser humano pode ser uma unica raça, porém são totalmente distintos. E isso é a maior genialidade dentro de toda nossa "inteligência". Assim, falando de uma forma bem clichê, podemos aprende uns com os outros e evoluir com o mesmo.

Mas o ser humano é confuso, vê a diferença como algo profano, agressivo dentro de uma conversa ou discussão, e se fecham dentro de suas opiniões e suas "grandes" certezas.

Eles tem as histórias, as experiências, os conhecimentos, as conclusões dos antigos, mas se recusam em ter sabedoria em usa-los. A ignorância passiva dita as cabeças alienadas que elas tem que sofrer com as situações para aprendê-las, quando muitas delas já foram sofridas antes. Não aprendem com as proprias experiências. Ignoram a história do passado e desfrutam da dádiva do presente de forma profana. Colocam tudo na mão de Deus e fecham seus olhos para o poder de criação de cada um.

E o tempo criado pelos humanos é complexo demais pra eles mesmos. Dentro da própria confusão, as criações mentais da massa se torna a absoluta influência no todo. A confusão fez do humano escravo do tempo. Muitos apenas vivem em função dele, sem pensar, apenas vivem. Alguns pensam um pouco mais e têm a plena consciência de sua real situação, usando o tempo a seus favor. Outros enlouquecem.

A entidade da 4ª dimensão não é algo nosso. Apenas apareceu como uma necessidade iminente. O tempo que hoje dizem que dominam é uma copia mal feita do tempo real. A lerdeza do tempo de hoje é feita por nós, por não acreditarmos em nosso real potencial de "pensar e existir". Quando não pensamos no tempo, ele passa mais rápido, porque ele é uma grandeza diretamente proporcional a intensidade de estarmos vivendo o momento.

Crie seu tempo.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Prelúdio

Todos os dias segure minha mão na varanda vendo o pôr-do-sol
Me olhe nos olhos depois dele se pôr e me beije devagar,
Sem pressa...
Sentiremos o vento bater devagar em nossos rostos..
E iremos apenas senti-los, como jovens.
Lhe pegarei no colo
E lhe levarei pra cama...
Lá ficaremos nos olhando e vendo a luz do mundo diminuir cada vez mais pelo reflexo de nossos olhos.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Silêncio e som.

É redundante fechar os olhos quando já se está dormindo. Os ritmos são calmos, como o sabor do silêncio. Sua boca emite um pequeno estalado, seco, apenas seco. As mãos já estão cansadas, procuram algo resistente para se apoiar, o cansaço finalmente chega e você sente isso. Você chega a pensar em pensar sobre o passado, porém sua mente não acompanha mais o desejo da alma. A sala permanece escura, e os livros ao seu redor já não brilham mais. A música continua calma, serena, seu ouvido precário apenas ouve as partes que lhe fazem lembrar. Através disso, miseravelmente volta de momentos em momentos ao passado. Você decide sentar, está cansado afinal, então você senta, aperta o braço direito da poltrona como o de costume e sente o vento entrar pela janela entre aberta, ensaia um sorriso de satisfação, mas sua boca está seca demais para isso. Então decide abrir os olhos, com estes entre abertos percebe que sua visão já se acostumou com o fato de estar no escuro. Enfim, você abre seus olhos, apenas percebendo as formas das coisas ao seu redor, aos poucos, começa a ver os artefatos que tanto buscou em sua vida, que agora parecem apenas resultados de realidades vazias e no escuro. Passa os seus olhos devagar por elas, sem perceber, se vê com os olhos vidrados em algo que parecia ser um porta-retrato. Pisca os olhos. Olha novamente para o porta-retrato e nele vê o formato de um rosto feminino. Pisca os olhos novamente, porém dessa vez mais devagar. Aperta mais um pouco o braço direito da poltrona, sente um arrepio lhe subir o corpo e um frio na barriga. Abre os olhos e não consegue ver de quem é aquele rosto. As luzes estão apagadas, a música parece estar lenta e começa aos poucos a se confundir com o barulho do relógio de cabeceira, aos poucos a música some e o barulho do relógio fica cada vez mais pesado e demorado. Você não tira os olhos do retrato, querendo lembrar, querendo provar para seu corpo que ainda manda nele. Pede por lembranças, mas não as tem. Clama por luz para ver o retrato. Decide levantar para acender a luz, mas está cansado demais para fazê-lo. Então, como ato de desistência, encosta de vez na poltrona e é dominado pelo silêncio. O tempo passa... O som pesado do relógio volta a ecoar em sua cabeça, se acentuando cada vez mais. Então sente em seu peito uma sensação familiar, porém atípica. Coração apertado. Sente seu rosto carregado, aos poucos formando algum tipo de expressão, seus olhos ficam pesados. Você decide piscar, neste ato, abruptamente se precipita uma lágrima, esta, lentamente contorna as formas envelhecidas de seu rosto e chega até a sua boca. Você a abre lentamente e sente aquela lágrima se expandir pelos lábios. Molha sua boca, e a sensação atípica informa a mente uma expressão da alma. Então elas entram em comunhão. Seus olhos vidrados relaxam e seu coração apertado deixa o sangue fluir. O alívio se torna real, e seu pedido também, através da suave lágrima permitindo aos lábios apenas dizer, "Você..."