quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Nota do surto

Enquanto os pés tocam no chão, a sanha que precede o ermo cria uma fábula, como aquelas que foram deixadas para trás.

Talvez esse toque mero que silencia o peito seja o suficiente. Talvez seja uma lição, talvez seja tantas coisas. Na tentativa mera de um amar, certos cordões e lições vão fazendo maior sentido, um sentido que o viver não ensina somente, mas que apenas o toque sábio sabe as palavras certas para falar. Ouvir, silêncio, ouvir. Apenas.

Mas as nuvens continuam no céu, a Lua se esconde e as batidas secas de seu peito dormem sem pensar duas vezes. Aquele grito continua la, o grito da primeira nota do surto da fábula. Escuto ele la no fundo, sinto que ele quer me dizer alguma coisa, mas minha alma calma ainda não conseguiu escutar. Minha “alma calma que não condiz com a nossa pressa”. Pressa. De sentir saudades de uma história de contos de fada em que a perfeição parece rotina e ser feliz é quase um desespero. Na pressa, o ar corre solto, e o calor que me esquenta o peito continua ali, quase líquido, suando na manhã dormente.

Os risos e a folia continuam, o equilíbrio se mantem e vôo permanece calmo. Sem cálculos. Sem premeditações. No soluço prévio de uma quarta jornada. Um eu sem nome aprende a levantar sozinho do berço, as broncas são grandes, mas o sorriso no rosto basta. Em devaneios soltos pelo ar, só o silencio e a sua ânsia me entendem.

As cinzas voam e vejo os pés virados para cima, o céu esta escuro e sem estrelas, a luz continua no fundo, fazendo contraste com o negro do céu, as montanhas estão cada vez mais longe e a única certeza é o do caminhar, longo. Longe.