terça-feira, 17 de maio de 2011

Me dê as mãos.

Foram tantos momentos como esse, marcados por sentimentos longos e cheios de pegadinhas. Tenho certeza que os risos estão sendo dados e as felicidades continuam sendo colocadas em albuns de figurinha, e lá elas ficam, rapidas, súbitas. A vida deixou de ser para estar. Minha espectativa me tornou pesado, de lábios secos e grudados. O que me tornei? Aonde colocaram os papéis de parede que pendurei aqui por dentro? Aonde esta as histórias que tanto imaginei?

A cada levantar da realidade percebo a poesia se esvair, e é algo tão tranquilo e calmo que é acomodante. O céu me olha com fúria esperando minha opinião e meus dedos tremem diante daquela dor. Talvez seja isso, talvez não, é isso. É essa a peripércia que tanto foi escrita, é essa a razão de cada palavra, cada devaneio absurdo, cada pedaço de mundo solto nos olhos de cada um. É o detalhe que fica por tras de cada frustação da história, da sua história, da minha. É o passado mostrando pro presente que ainda existe. É o sabor que faz os lábios apenas viverem por inexplicavel atração ardente em dias de frio. É a chuva. É o som. É a batida que não existe. São. Pés frios buscando o Sol no céu, procurando as asas, asas dadas pela poesia que jaz.

Em tua manhã durmente,
você abre a janela sem se espreguiçar.
De olhos fechados se apoia na janela,
abaixa a cabeça e sente o calor do Sol que não aparece lhe esquentar a nuca.
O frio toca seus pés e o arrepio lhe toca a espinha,
Você sente,
Aperta as mãos e encosta um pé no outro.
Se ergue,
Abre os olhos devagar e vê o tempo fechado e nuvens cobrindo o céu.
Então o toque real se inicia.