quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Aquelas mudas.

Não se pode esquecer daquela chuva que não pode levar tudo embora. Só as vezes, enquanto esquecemos dos detalhes que afogam e aquiescem partes da alma. O importante é entender que dura apenas segundos, mesmo eles sendo longos, eles não correm mais do que deveriam correr.

Enquanto o tempo te diz pra se arrepender, ele passa leve por entre a respiração lenta típica de dias novos. Mesmo que por aquelas terras chova muito, por lá andei sob o sol. E quando reparei nas nuvens com os olhos fechados, já era tarde demais pra pensar em você, então por ali eu te deixei, e te esqueci ainda sorrindo atrás das redes coloridas e o gramado sintético. De seus lábios não consegui tirar sua cor e no seu olhar não vi a poesia que havia segurado nas mãos. Mesmo que estivesse quente, eu podia sentir o frio dela entre minhas mãos, sabendo que seria esquecida por aquelas palavras que tantas delas sussurraram no meu ouvido.

Mesmo assim, eu não podia esperar nada mais do que isso. Quando estava indo embora, o sono afagou os meus olhos e por alguns segundos ele se deixou levar. Por ali, reparei no detalhe que deixa o coração oco, por alguns segundos, estes que tantas vezes me diminuiu o olhar. E me destrinchou o fôlego e a alma, adormecendo de leve a ponta dos dedos. Detalhe que se esconde tanto em meus tantos sorrisos que sem querer se finge de segredo. Luzes da rua passando. Respiração. Piscar lento. Dedos dormentes. Respiração. Sonhar.

Nessas tantas estradas, o som do lado de fora nunca vem pra dentro. Enquanto o mundo brinca de ser mudo, os meus olhos apenas seguem os tantos montes e nuvens daquelas enormes pradarias. Mesmo sem ouvir estas enormes, conversava com elas e nelas deixava os tantos pontos cegos de minha alma. Me pergunto se elas mudas reclamavam e se estas mesmo que súbitas sabiam das tantas histórias que ouvia delas.