terça-feira, 14 de agosto de 2012

Tantas coisas

Tem certos olhos que riem sozinhos, sem precisar de um sorriso ou que um outro alguem leve aquela felicidade até ali.

Sem querer se observa tanta coisa. Tantas delas perdidas em meio as imaginações e desejos. Tantas delas, perdidas em nós. Esperando viver denovo, esperando não serem esquecidas em meio a pressa, em meio ao descaso.

Por querer se criam tantas coisas: tantos sonhos, saudades, ambições, solidões, anseios, felicidades, tristezas, vontades, segredos, silêncios, máscaras, desculpas, amores. Tantas delas, criadas em nós. Esperando, tais coisas, por um Deus, criado também, pela junção do verbo povo. Pela criação sociedade, que se cria todos os dias em si, querendo a cada dia mais ser. Ser um plural singular, talvez com gênero, número e grau.

Escrevendo textos na madrugada, sozinho, observando a distância o quanto se mudam as coisas, observando os pensamentos que tive e que provavelmente ainda terei. Recriando dias que ficaram pra trás e o quanto eles parecem que são hoje, o quanto o gosto é o mesmo, assim como o cheiro e som. O quanto eles me voltam em sonho, embaralhados, misturados entre o que crio e observo, dentro do mundo que me vem na imaginação depois de olhar pra escuridão, dentro da ilusão entre ser e estar, entre viver e sobreviver. Sempre fomos assim, como um livro, sólido, cheio de páginas, cheio das tantas coisas, daquelas que vem e vão como o Sol que se disfarça de Lua, cheios daquelas tantas coisas que se disfarçam de nós e que no mesmo se perdem e se criam, todos os dias, querendo apenas um pedaço do que é ser. Ser.

"Where will you go
If you can not save you from yourself?
You can't escape
You don't want to escape"

domingo, 5 de agosto de 2012

Sonho da flor de outrora

Uma maquiagem superestimada, sem o colorido unico que brilha sempre prestes a apagar.

No vento, um polen segue o rumo em direção a flor de outrora enquanto a pressão do céu cheio de estrelas esmaga o campo vinho, diminuindo seu fluxo, fazendo-o devagar tocar a flor, sem feri-la. Quando o toque se faz, um vento de outrora tras uma sensação que se confunde com algum tipo de luz que toma a forma de um momento, cheio de tempo, cheio de si. Na busca pelo que o medo torna insólito, das pétalas de vinagre, brotam as lágrimas de outrora que seguem curvas cansadas cujo cheiro já mudou com toques e formato com os sorrisos e tristezas. Tão frágil, tão branca. Aquele vento se vai e a sutileza daquele movimento que se foi a torna vaga, imóvel denovo. Então aquele Sol de outrora se dorme inteiro, levando consigo algumas nuvens e um colorido do campo e do céu que esquentavam seu todo. Naquele céu de outrora, um escuro brinca de abraçar os pedaços de estrelas que com suas belas formas, seu brilho, deixam um vestigio de luz naquele breu, naquela sombra que só os pesadelos sabem tocar. Noite. Silêncio. Só enquanto o som oco da terra de outrora movem suas pedras e abrem caminhos para uma vida que as raizes da flor não conseguem tocar. Se esqueceu como tocar. Durante uma noite, há o frio e um calor latente, só naquele começo, não mais. Em sono, o pólen semea e das pétalas caem sementes doces, doces como as lágrimas de um sonho bom. Então na prece do Sol que se torna Lua, o amor torna a canção que ecoa pelo céu uma fonte de luz e paz que seguirão pelos ventos de outrora àquela flor de vinagre.