quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Um minuto antes do pôr do sol

Naquele anoitecer, o tempo esqueceu de avançar e tímido se esgueirou por entre suas coxas, enquanto a música de fundo se misturava nas luzes que fugazes se estampavam nas paredes desse pequeno quarto. Em varias dessas, sua sombra era emoldurada em diversos tons, se misturando e se juntando no vem e vai dos carros do lado de fora da janela. Formando quadros de luz e você, que desapareciam e apareciam enquanto, sem pressa, você soltava a fumaça do cigarro e respirava fundo, fechando um pouco os olhos.

Da onde te via, minha blusa pendia sobre seu corpo nu e se entrelaçava nele com o vento, que, uma vez ou outra, balançavam seus cabelos vermelhos junto com as cortinas pretas. Suas mãos passavam lentas nos braços como se o calor do ar a abraçasse em silêncio e seus pés cruzados balançavam com o ritmo da música. Enquanto te via, esqueci de avançar o tempo e tímido me esgueirei no sabor de tabaco e do seu gosto em minha saliva. Por ali, deslizei por alguns sonhos e me deixei esquecer de alguns medos, que ameaçaram esboçar um sorriso no canto da boca. Então eu te via, e por entre aquele minuto, eu guardei você, em um espaço que não se preenche e que não se esconde. Guardei exatamente como via, como um anoitecer no verão, que deixa a lua vermelha com o pôr do sol.

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