terça-feira, 11 de março de 2014

Moça

Meu sono parece uma moça, tola e irritada, enrolada em lençóis grandes demais para seu corpo pequeno. Sua cabeça dói e ela finge que não sabe o porque.

Enquanto sua cabeça dói e ela finge, ela sorri e chora tantos sonhos bons, que escorre pelos seus labios estúpidos, fracos ao ponto de segurar palavras demais. Mesmo assim a cabeça dói e ela finge. Enganada ela se enrola no lençol e se meche demais na cama, parece menos morta assim, se sente confortável menos morta. Quase sempre sente frio demais, por isso tantos lençóis. Sua tolice as vezes a esquenta, por tantas outras, sua bondade a faz suar.

Hipócrita deveras levanta da cama, como não sossega, fica tonta com o levantar e mesmo assim sua cabeça dói e ela finge. Quando esta triste ela bate com as maos no travesseiro, tenta deixar ele confortável pra ficar menos triste, se deita e a cabeça afunda, por ali ela fica surda. E como triste, ela cobre a cabeça pra chorar, acha que alguém esta olhando, acha que se não se esconder ela mesma pode acabar olhando. E se olhar, como continuar a fingir?

De tanto ser esquecida e perdida se tornou uma puta, que mesmo nova se esqueceu de nascer virgem. Violada então, se esquece do corpo enrolado nos lençóis, que fétidos e viscosos exalam seu sexo e sua febre. Seus cabelos embaraçados se entrelaçam a loucura e a fronha rasgada, aonde se deita sua dor de cabeça e seu fingimento.

De tanto torta e de olhos parados, ela adormece infalível e falsa. Resonando suave e mentirosa, com os labios secos e a cabeça doendo, enquanto ainda consegue fingir.

Um comentário:

Murilo Teixeira disse...

Tantas voltas o mundo dá. Fiquei feliz pelo comentário deixado no falecido blog. Gosto sinceramente do que tenho lido aqui e me sinto honrado se o que escrevia foi de alguma forma inspiração para isso.
Ganhou um leitor. Um abraço, amigo.